sábado, julho 19, 2008

PARAISOS IMPERIAIS - serie de gravuras - HC

....Meu coraçãozinho batia mais forte,quando o repique começava à tocar.
Sempre tive uma visão,cintura para baixo das coisas.Meu muito mais
alto,sempre foi a direção certa que a minha testa apontava.Muito por que,
eu vivia volta e meia de tapa olho,colado na lente do meu óculos torto.
Ainda não entendi bem,por que todo,moleque esquisito que nem eu,teve o
maldito karma infantil do perambular pelas calçadas aos tropeços ,com um
tapa olho na vista.Não bastava ter nascido e ser "quatro olho",
como à maioria dos filhos do meio,eram sempre.Parece que certos médicos
por molecagem,tem à
incumbência de proliferar recalques opticos em sub nutridos
"perebas"....aqueles meninos vítimas,do "Este Não", que nunca
são chamados para nada,nunca são escalados para jogar
bola,sempre,invariavelmente sobram,em qualquer
metodologia de escolha.
Chego acreditar que muitos deles não nasceram,de
forma natural,vieram para fora de suas Mães,
inadivertidamente como algum espasmo oportunista,que se valeu,
da oportunidade,para dar graça de vida.
Mas o repique,marcava o passo à passo,da Procissão de Momo,de todos que
como a gente, desfilavam pelas ruas da cidade,vielas de pedras irregulares,
que sempre machucaram,os pés da gente.
As sandálias de borracha,não cumpriam seus papéis mais uma vez.
Chego a achar,que ela foram,inventadas só para serem usadas lá nas areias
finas das praias do país-ilha que dá o internacional nome à elas.
Mas o brasileiro,é
um povo teimoso,e persiste em transitar pelos dias de novidade com estas
sandalias de borracha mau cheirosas,costumizadas,repintadas,redecoradas,
multicoloridas,a cada novo verão.
Sempre foi assim.
Desde meu tempo de criança,a cada nova férias,
todos lá em casa,ganhavam um novo par.
E eu continuo falando,e o repique continua tocando,marcando o passo de
cada desfilante na folia de Momo.Cada participante,deste Bloco dos
Desajeitados,vinham com adereços mau engendrados,
de plásticos,amarras e linhas,contas e miçangas,entre pequenos pedaços
mau-cortados de Papel Crepon.Como eram bons,aqueles dias que ainda não
tinham inventado o termo biodegradável por aqui.Valia Tudo.
O novo trajéto do Bloco à cada novo Carnaval era mais breve,
cheguei até a pensar,
que o trajeto diminuia com o passar dos anos,ou eu e
meus pés que cresciamos e os passadas ficavam
menores,não sei bem,mas pode ser também que ,talvez, por força da
precáriedade das vestes,os ritos finais,eram abreviados por
força de não haverem maiores tropeços para a molecada.
O final do desfilar do Bloco dos Fantasiados de Papel Crepon,
terminava seu desfile,ano à ano, na Piscinas do ex-Hotel Imperial.
Isto acontecia na cidade mineira de Lambari,nos finais dos anos 60 (1960) -
Estado de Minas Gerais,Brasil.
Lambari,foi uma das afamadas cidades turíticas,do circuito dos Jogos de
Cassinos das Estâncias Hidrominerais de Minas Geais.Uma das tantas
delas,belas cidades,que aos poucos tiveram que reformular suas
vocações turísticas, após injusta,e truculenta medidas proibitivas dos Jogos
no Brasil,e da desativação e sucateamento de nossa malha ferroviária.
Lembro me da estação ferroviária de Lambari,colada ao final do ex- Hotel
Imperial,toda pintada de cal branco.Ainda suspirando baixinho,ares dos dias
de glórias. Como tudo um pouco.Como o couro,dobrado e esgarçado,esbranquiçado dos suntuosos grupos de poltronas,espalhados no Salão de Televisão. Como o feltro ebranquiçado,das mesas de Bilhar,e seus tacos tortos,e as treis bolas de massa, já que as de Marfim,foram se com os antigos donos do lugar.A ex-caldeira.A ex-fornalha.O ex-gerador.Sinais claros do tanto quanto foi muito grande e imponente tudo por Lambari,e sendo assim,o quanto foi importante o antigo Grande Hotel Imperial.
Na decada de 60,todas as férias,iamos para Lambari.Por isto,que temos tantos pedaços de nosso pessoal universo mental criativo,muito presente,por lá.Muitos elementos antigos da cidade de Lambari,das pessoas que viviam,e viveram conosco e passavam férias por lá,do conjunto de lembranças das emoções ainda são referências muito fortes em nossas vidas.Falo assim,quando olho para a gravura de minha irmã Margareth - M.V.B. -
"Paraisos Imperiais", - (Relativo ao Universo mítico e mágico das experiências obitidas no pleno gozo das férias escolares que a família Barradas,tirava na cidade de Lambari -MG,na década de 60 )
Por que muitas vezes,alguns destes elementos deste universo mágico,povoam o habitat intermediário de meus prórios sonhos,e acredito que também de muitos outros que participaram,disto tudo,da mesma forma,também....